Nascimento antes da hora é a principal causa de morte para crianças com menos de 5 anos em todo o mundo.
O parto prematuro, que ocorre antes da 37ª semana de gestação, é uma questão de saúde que afeta milhões de bebês todos os anos. Entre 2010 e 2020, foram registrados 152 milhões de nascimentos prematuros em todo o mundo, conforme relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O nascimento prematuro é a principal causa de mortalidade infantil, sendo responsável por um em cada cinco óbitos de crianças com menos de 5 anos. No Brasil, os dados do Ministério da Saúde revelam uma situação alarmante: a cada dez minutos, seis bebês brasileiros nascem antes da hora, totalizando cerca de 340 mil casos anualmente.
As causas do parto prematuro são multifatoriais e podem ser influenciadas por questões médicas, genéticas, ambientais e sociais. Pré-eclâmpsia, infecções maternas, diabetes gestacional, problemas com o útero, o colo do útero ou a placenta são algumas das principais condições médicas.
Além disso, fatores de risco como o tabagismo, o consumo de álcool e drogas, a falta de cuidados pré-natais adequados também contribuem para o aumento das chances de um nascimento prematuro. A situação pode exigir a realização da cesariana, para garantir a segurança da mãe e do bebê.
Embora não seja classificada como um dos tipos de cirurgia geral, a cesariana consiste numa incisão cirúrgica nas paredes abdominal e uterina para a retirada do feto, o que exige cuidados pós-operatórios.
Pré-natal é aliado para a prevenção
Em entrevista à imprensa, a pediatra neonatologista, Renata Castro, explicou que o acompanhamento médico durante a gestação pode ser um grande aliado na prevenção do parto prematuro. Durante o pré-natal, exames e avaliações frequentes ajudam a monitorar a saúde da mãe e do bebê, possibilitando a intervenção oportuna em casos de complicações.
“Começar o pré-natal o quanto antes é essencial. Isso permite que os profissionais de saúde monitorem o progresso da gestação, identifiquem fatores de risco e tomem medidas preventivas, como controle de doenças maternas preexistentes e mudanças de estilo de vida”, afirma a médica.
No ramo da ginecologia e obstetrícia, o pré-natal é considerado a primeira linha de defesa contra os partos prematuros. Ginecologistas e obstetras ressaltam a importância de consultas regulares, quando se pode avaliar a pressão arterial, checar os níveis de glicose e realizar ultrassonografias para acompanhar o desenvolvimento fetal. Além disso, exames específicos podem detectar infecções assintomáticas que, se não tratadas, podem desencadear um parto prematuro.
Desigualdade é fator determinante
O relatório da OMS, em parceria com a Unicef, também trouxe à tona que a desigualdade é um fator determinante para os partos prematuros, e que o local de nascimento pode impactar na sobrevivência dos bebês. Em países de baixa renda, apenas 10% dos extremamente prematuros (com menos de 28 semanas) sobrevivem, enquanto em países de alta renda, mais de 90% conseguem.
Além disso, a disparidade racial, étnica, econômica e no acesso aos cuidados de qualidade aumenta o risco de nascimento prematuro, morte e incapacidade, mesmo em nações desenvolvidas. Regiões como o sul da Ásia e a África subsaariana apresentam as maiores taxas de parto prematuro, com crianças enfrentando os maiores riscos de mortalidade. As duas regiões, juntas, representam mais de 65% dos nascimentos prematuros globais.
Sem acesso à pediatria especializada, muitas crianças enfrentam um prognóstico sem esperança. Nos países de baixa renda, a falta de unidades de terapia intensiva neonatal (UTINs) bem equipadas e a escassez de profissionais de saúde especializados agravam ainda mais a situação. A ausência de cuidados adequados e de tecnologias avançadas para monitoramento e tratamento neonatal resulta em altas taxas de mortalidade e morbidade entre os bebês prematuros.
O diretor de Saúde do Unicef, Steven Lauwerier, declarou, em comunicado oficial, que apesar dos avanços significativos na última década, ainda não houve progresso na redução do número de bebês nascidos muito cedo ou na prevenção do risco de morte. “O custo é devastador. É hora de melhorar o acesso aos cuidados para mães grávidas e bebês prematuros e garantir que todas as crianças tenham um começo saudável e prosperem na vida.”