A indústria do iGaming, composta por jogos de azar online e apostas esportivas, é um setor que está crescendo de forma rápida no país, principalmente por conta da popularização de jogos como os slots e da nova regulamentação, trazendo maior segurança e investimentos a este mercado.
Embora tradicionalmente dominado por homens, já é possível perceber a crescente participação das mulheres nesse mercado. Em uma pesquisa realizada pela plataforma KTO, é possível notar que o gênero do público de iGaming está dividido quase que de forma igual, com 51% dos jogadores sendo homens e 49% mulheres.
Analisando com mais detalhes, a pesquisa da KTO ainda mostra que, se tratando de apostas não esportivas, a diferença entre os gêneros é menor, com 69% dos homens e 62% das mulheres participando, com cada vez mais mulheres jogando roleta de cassino, slots, crash games, entre outros.
Algumas agências de pesquisa de mercado vão além, afirmando que as mulheres já assumem a liderança em jogos mais casuais e compras dentro de aplicativos, indicando uma mudança nos padrões de participação.
Esses dados são reforçados pelo estudo feito pelo Instituto Locomotiva que concluiu que o número de clientes em casas de apostas online está rapidamente aumentando, sendo que nos últimos 6 meses essas plataformas presenciaram um ganho de 25 milhões de jogadores, onde desses novos jogadores, 62% são mulheres.
Como explicar a maior participação das mulheres nesta indústria?
Esse crescimento no números de mulheres pode ser explicado por diversos fatores. Alguns não são vistos por um ponto de vista positivo, uma vez que o próprio presidente do Instituto Locomotiva afirmou que algumas entram nessas plataformas para entender para onde a renda familiar está indo e acabam tomando gosto pelo jogo ou mesmo que acreditam que esses jogos podem gerar uma renda extra, o que jamais pode ser considerado como verdade, já que essa prática deve ser vista como forma de entretenimento.
Entretanto, esse aumento também pode ser influenciado por iniciativas que visam promover a equidade de gênero, como a recém-criada Associação de Mulheres da Indústria do Gaming (AMIG) no Brasil.
O que é a AMIG?
A AMIG surgiu em 2024, fruto da visão e coragem de seis mulheres pioneiras no mercado de Gaming: Ana Bárbara Costa Teixeira, Ana Helena Pamplona, Bárbara Teles, Luciana Hendrich, Natalia Nogues e Teresa Caieiro.
É a primeira organização sem fins lucrativos do Brasil dedicada à equidade de gênero na indústria do iGaming, tendo como missão principal atrair mais talentos femininos para o setor e aumentar a visibilidade e valorização das profissionais que já atuam nele.
A criação da AMIG representa um marco importante na luta contra o machismo e no empoderamento das mulheres dentro dessa indústria, que promove diversas ações para atingir os objetivos citados, incluindo sessões educativas, networking e encontros temáticos, consequentemente criando um ambiente onde as mulheres possam se sentir apoiadas, reconhecidas e capacitadas para prosperar no mercado de iGaming.
O desafio do machismo na indústria do iGaming
Embora a presença feminina no iGaming esteja em crescimento, o setor ainda enfrenta desafios significativos relacionados ao machismo. De acordo com a AMIG, esse problema é uma realidade persistente que torna a entrada e ascensão das mulheres na indústria mais difíceis.
Para enfrentar esses obstáculos, a associação trabalha na sensibilização e conscientização sobre as questões de gênero, oferecendo treinamentos e criando espaços seguros para que as mulheres possam se expressar e buscar apoio. Um aspecto positivo destacado pela associação é o crescente apoio dos homens no setor, o que reforça a ideia de que a mudança só é possível através da colaboração de todos os membros da indústria.
Iniciativas recentes e futuras da AMIG
Nos últimos meses, a AMIG tem promovido workshops e debates focados na indústria de jogos e apostas no Brasil, além de estabelecer parcerias com empresas de recrutamento para oferecer vagas exclusivas para mulheres. Essas iniciativas são parte de um esforço contínuo para capacitar e desenvolver as associadas, garantindo que tenham as ferramentas necessárias para avançar em suas carreiras.
Entre os projetos futuros, a AMIG planeja lançar programas de mentoria, cursos especializados e imersões com instituições do setor. Além disso, a associação continuará a realizar pesquisas para identificar desafios e desenvolver novas ações que atendam às necessidades reais das mulheres no iGaming.
Dessa forma, a participação das mulheres neste mercado crescerá de forma saudável, evitando que mais mulheres entrem nos aplicativos com ideias erradas do que esperar dos jogos ou desse setor como um todo.
O futuro da diversidade e inclusão no iGaming
Apesar dos avanços notáveis, é certo que as mulheres ainda enfrentam desafios para adentrar e performar dentro do mercado de games, com os maiores desafios sendo o sexismo, misoginia, falta de clareza e oportunidades, mas a crescente visibilidade e influência das mulheres na indústria estão gradualmente mudando essa dinâmica.
Iniciativas como as da AMIG são essenciais para construir um futuro mais inclusivo e diverso no iGaming, sendo que a regulamentação do setor de jogos e apostas no Brasil também desempenha um papel importante nesse processo, criando um ambiente mais justo, transparente e competitivo, para todas que desejam apenas usufruir dos produtos ou atuar no mercado.
Com o avanço contínuo das discussões sobre diversidade e inclusão, o iGaming está se movendo em direção a um cenário onde as mulheres têm cada vez mais espaço para contribuir e prosperar, sendo que a presença feminina no iGaming não é apenas uma tendência passageira, mas um movimento fundamental para a evolução e sucesso sustentável desse setor.